É hora de aproveitar as férias escolares para ensinar seus filhos a lidar com o dinheiro com responsabilidade, sem abrir mão da diversão.

As férias escolares chegaram! E, com elas, uma ótima oportunidade para unir diversão e aprendizado. Que tal aproveitar o tempo livre para introduzir conceitos de educação financeira na rotina dos seus filhos? Com criatividade e algumas estratégias simples, é possível transformar o tempo livre em uma experiência de aprendizado.

Por que ensinar educação financeira desde cedo?

Aprender a lidar com o dinheiro desde a infância pode ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem hábitos saudáveis de consumo, planejamento e poupança. Criar essa base é essencial para formar adultos mais conscientes, organizados e preparados para lidar com os desafios financeiros da vida adulta.

Quando as crianças entendem e aprendem, desde cedo, a lidar com recursos limitados, a diferenciar desejos de necessidades e a planejar seus gastos, elas constroem uma relação mais saudável e responsável.

Outro ponto importante é que o contato com temas como consumo consciente, sustentabilidade e solidariedade — todos conectados à educação financeira — ajuda a formar cidadãos mais comprometidos com o coletivo. Ou seja, ao ensinar seu filho a usar bem o dinheiro, você está contribuindo para o desenvolvimento de competências essenciais para a vida em sociedade.

5 dicas práticas e divertidas para aplicar nas férias

1. Mesada educativa

Use a mesada como uma ferramenta de ensino. Explique como dividir o dinheiro que a criança recebe entre consumo imediato, economia e doações, por exemplo. Deixe claro que o dinheiro que ela está recebendo é para uma finalidade. Incentive por meio do gatilho da recompensa: juntar para ganhar. Para os menores, a sugestão é utilizar cofrinhos.

Exemplo real:

Júlia, de 8 anos, recebe R$ 40 por mês de mesada. Com a ajuda dos pais, ela aprendeu a dividir esse valor em três potes diferentes, que ela mesma decorou. O dinheiro é repartido entre os potes em proporções diferentes e cada pote tem uma finalidade.

  • Pote 01 – R$ 20 vão para o pote do “Agora posso usar!”. Com o dinheiro arrecadado nesse pote, Júlia pode utilizar para comprar figurinhas, doces, sorvete, ir ao parque, à brinquedoteca do shopping ou economizar para comprar um brinquedo ou uma roupa nova. Os recursos desse pote ficam de livre acesso, mas desde que usados de forma consciente.
  • Pote 02 – R$ 15 vão para o pote do “Quero juntar!”. Nesse pote, Júlia está guardando para um plano mais ambicioso, como comprar uma bicicleta no final do ano. Se o dinheiro do Pote 01 acabar e ela desejar usar este, alerte-a usando o gatilho da escassez e da perda. “Júlia, se usarmos esse potinho, vai ficar difícil comprar o que você quer. Vamos aguardar a próxima mesada?”
  • Pote 03 – R$ 5 ficam no pote do “Quero ajudar!”. Nesse, a missão da Julinha tem um caráter mais social. O objetivo é juntar dinheiro para doar para uma campanha solidária da escola, ajudar animais de rua ou comprar brinquedos para crianças carentes no Natal.

Essa rotina simples ajuda Júlia a entender, no dia a dia, o valor do dinheiro, a importância de se planejar e o prazer de contribuir com o bem-estar dos outros.

2. Desafio do orçamento

Proponha atividades como planejar um piquenique ou uma tarde de cinema em casa com um orçamento fixo. Deixe que eles escolham os itens a serem comprados, façam as contas e gerenciem os gastos. Ao propor o valor, indique que todos precisam ser contemplados com a brincadeira. O que sobrar, a criança pode ficar para guardar.

Exemplo real:

A família de Mariana, de 9 anos, decidiu fazer um desafio divertido: ela recebeu R$ 50 para organizar uma “Sessão Cinema” em casa para ela e os pais. Com uma lista em mãos, Mariana pesquisou preços no mercado com a mãe e escolheu os seguintes itens: dois pacotes de pipoca de micro-ondas, balas de gelatina, dois sucos e uma barrinha de chocolate para cada.

Ela anotou tudo em um caderninho, somou os valores no supermercado e conseguiu ficar dentro do orçamento. Na hora da sessão, ainda montou um cardápio com os “itens do cinema” e distribuiu “ingressos” feitos por ela mesma. Além de se divertir, Mariana aprendeu sobre planejamento, comparação de preços e controle de gastos. Tudo de forma leve e prática.

3. Faça das tarefas de casa um programa de pontos

Aos finais de semana, monte uma “lojinha em casa” com brinquedos, livros, passeios ou guloseimas. Para “comprar os itens” dessa loja é necessário acumular pontos durante a semana. O sistema de troca pode ensinar seus filhos sobre escolhas, prioridades, limites e ainda sobre cumprir tarefas do dia a dia.

Exemplo real:

Gabriel, tem 6 anos. A cada tarefa que ele realiza durante a semana, como guardar os brinquedos, escovar os dentes sozinho, fazer o dever de casa, ir dormir mais cedo ou ajudar a pôr a mesa na cozinha, ele ganha pontos, “moedinhas de papel” que podem ser feitas pela própria família. Ele precisa juntar as moedinhas para comprar na lojinha no fim de semana.

No sábado, a mãe monta a “Loja do Gabriel” na sala: uma mesinha com brinquedos usados, livrinhos, figurinhas, algumas guloseimas, brindes como passeio no parque ou uma ida ao cinema. Cada item tem um valor em moedas fictícias e o Gabriel precisa decidir o que comprar com o saldo que acumulou durante toda a semana.

Incentive-o a decidir sobre as escolhas. Ele pode usar todas as moedinhas de uma vez ou aguardar a próxima para comprar algo mais valioso. Aos poucos, Gabriel vai aprendendo a fazer escolhas, priorizar o que realmente quer e entender o valor de economizar para conquistar algo maior no futuro.

Dica bônus: dê o exemplo!

As crianças aprendem muito observando. Compartilhar com naturalidade como você se organiza financeiramente e falar sobre metas e economia pode inspirá-las a seguirem o mesmo passo. Inclua também os filhos em pequenas decisões financeiras do dia a dia. Explique por que escolher uma marca ou outra, como comparar preços ou a importância de economizar energia e água.