Pensar na aposentadoria pode parecer algo distante demais. Afinal, com tantas prioridades — trabalho, contas, família — é comum deixar o futuro para depois. Mas entender desde já como funciona a previdência pode fazer toda a diferença. O Brasil conta com três tipos de Regimes Previdenciários: o RGPS, o RPPS e o RPC. Como cada um deles impacta o seu futuro financeiro? Neste artigo, vamos explicar essas siglas que dizem muito sobre o seu presente e, principalmente, sobre o seu amanhã.

É fato que o brasileiro não cresceu com a cultura da educação financeira. Um programa que incentiva esta prática nas escolas só foi criado em 2021. A iniciativa foi criada a fim de capacitar professores para disseminar conhecimento a 25 milhões de alunos dos ensinos fundamental e médio. Mas o que isso tem a ver com previdência? Tudo! Afinal, planejar o futuro é uma das decisões financeiras mais importantes da vida — e, sem conhecimento, muitos deixam para pensar nisso tarde demais, comprometendo o padrão de vida no futuro.

Três regimes, uma só missão!

Proteger o seu futuro financeiro: esta é a missão dos Regimes de Previdência no Brasil. O sistema previdenciário brasileiro é composto por três regimes principais:

  1. RGPS – Regime Geral de Previdência Social;
  2. RPPS – Regime Próprio de Previdência Social,
  3. RPC – Regime de Previdência Complementar.

Embora diferentes, todos esses regimes têm o mesmo objetivo: garantir uma renda quando o trabalhador se aposentar ou em momentos de imprevistos ou vulnerabilidade, como: doença, invalidez ou morte. A escolha (ou o enquadramento) em cada regime depende da ocupação profissional e do vínculo do trabalhador com o setor público ou privado.

A seguir, vamos explicar detalhadamente cada um deles.

RGPS – A previdência do INSS

O RGPS, gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é o regime ao qual estão vinculados todos os trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos não concursados, aqueles que atuam em cargos comissionados. Ele funciona pelo modelo de benefício solidário, em que os trabalhadores ativos financiam os benefícios dos aposentados.

Em outras palavras, o que você contribui hoje para a previdência ajuda a custear a aposentadoria de quem já está fora do mercado de trabalho. Quando chegar sua vez de se aposentar, as próximas gerações ajudarão a pagar o benefício que será concedido a você.

Vamos a um exemplo prático: João é empregado de uma empresa privada, tem carteira assinada e contribui mensalmente ao INSS. Quando ele se aposentar, receberá um valor que será calculado com base na média dos salários de contribuição, limitado ao teto do Regime Geral de Previdência Social, que atualmente é de R$ 8.157,41 (dado de 2025).

Desafios do RGPS:

  • O teto do benefício pode ser inferior ao último salário;
  • Envelhecimento populacional pressiona o sistema,
  • Possível perda do poder aquisitivo na aposentadoria, pois o valor do benefício é calculado com base em todos os salários que foram base de contribuição, e não apenas o último.

Importância para o planejamento:

O RGPS é essencial como base da proteção social, mas pode não ser suficiente para manter o padrão de vida e, por isso, é importante pensar em uma complementação para quando se aposentar.

RPPS – A previdência do Servidor Público

O RPPS, Regime Próprio de Previdência Social, é destinado a servidores públicos efetivos, concursados, e é instituído por cada ente federativo (União, estados e municípios). Cada ente tem autonomia para criar e gerir seu próprio RPPS, desde que atenda às exigências constitucionais.

Assim como o RGPS, ele pode funcionar pelo regime de repartição (com base na solidariedade entre gerações) ou pela capitalização parcial.

Exemplo prático: Maria é servidora pública efetiva da União, ou seja, concursada, e está vinculada ao RPPS da União. Para ela, a aposentadoria está limitada ao teto do INSS.

Ponto de atenção: Desde a Reforma da Previdência de 2019 (EC 103/2019), novos servidores públicos só podem receber aposentadoria até o teto do RGPS. A renda acima disso só será possível com um plano de previdência complementar, regime que abordaremos a seguir.

Importância para o planejamento: Para servidores públicos que entraram após 2013, o RPPS sozinho não garante o mesmo padrão de renda que o cargo atual. É aí que entra o próximo regime.

RPC – Previdência Complementar

O RPC é um regime de previdência privado e facultativo, de adesão voluntária, criado para complementar a renda no futuro de todo e qualquer brasileiro. Ele é um modelo de capitalização individual, ou seja, as contribuições formam uma reserva pessoal, que é investida pela instituição financeira ao longo do tempo e que, ao final, pode ser revertida em benefício.

A lógica é simples: você escolhe um plano, define quanto vai contribuir e por quanto tempo. Ao passar dos anos, o seu dinheiro é aplicado pela instituição. Os recursos investidos formam um patrimônio que cresce de acordo com a rentabilidade dos ativos que compõem aquele plano. No futuro, esse saldo vira uma renda mensal ou pode até ser sacado, dependendo do tipo de plano e das regras estabelecidas.

Diversas instituições financeiras, como bancos e seguradoras, ofertam planos de previdência complementar privados com livre adesão. A previdência complementar pode ser oferecida por dois tipos de instituições:

🔓 Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC)

São instituições com fins lucrativos, como bancos e seguradoras, que oferecem planos a qualquer pessoa física ou jurídica. Exemplos: Bradesco Vida e Previdência, Itaú Vida e Previdência, entre outros.

Existem dois tipos principais de planos:

  • PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): ideal para quem faz declaração completa do Imposto de Renda, pois permite deduzir as contribuições da base de cálculo do IR até o limite de 12% da renda bruta anual.
  • VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): indicado para quem declara pelo modelo simplificado ou é isento. Não permite dedução no IR, mas o imposto incide apenas sobre os rendimentos.
  • Ao fazer parte de uma EAPC:Você escolhe seu plano individualmente;
  • Os planos mais comuns são PGBL e VGBL,
  • Há maior flexibilidade para resgates, mas, geralmente, há taxas de administração e de carregamento mais altas.

🔐 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC)

Também chamadas de fundos de pensão, são instituições sem fins lucrativos e atendem a grupos fechados, como funcionários de uma empresa ou servidores de determinado órgão. No caso dos Servidores Públicos do Executivo e do Legislativo Federal, por exemplo, a Funpresp-Exe é a entidade mantenedora. E, no caso dos servidores do Judiciário Federal, a Funpresp-Jud.

Aos servidores públicos federais, por exemplo, a Funpresp-Exe disponibiliza planos como o ExecPrev e o LegisPrev, que oferecem diversos benefícios como: contrapartida da União na contribuição, dedução fiscal, empréstimos com as menores taxas do mercado, possibilidade de portabilidade de plano entre instituições financeiras e resgate do valor investido.

Em resumo, nas EFPCs:

  • O participante só pode aderir se estiver vinculado à patrocinadora ou instituidora (como associações, órgãos de classe, empresas ou órgão público);
  • Os planos costumam ter menores custos, já que são estruturados para aquele grupo e não visam lucro;
  • Para planos patrocinados, um grande diferencial é a contrapartida da patrocinadora: para cada valor que você contribui, a empresa também contribui — ou seja, você dobra o valor investido e acelera a formação da sua reserva para a aposentadoria.

Mas, por que é importante considerar aderir a um plano de previdência desse tipo?

1. Para manter o padrão de vida

A média dos benefícios pagos pelo INSS está muito abaixo da renda da maioria dos trabalhadores formais (fazer link com a fonte dessa informação, por exemplo https://www.gov.br/inss/pt-br/noticias/previdencia-em-numeros-70-dos-pagamentos-feitos-pelo-inss-sao-de-ate-um-salario-minimo). Sem uma renda extra, muitos se aposentam com uma queda brusca no padrão de vida.

2. Para aproveitar o poder dos juros compostos

Quanto antes você começar a investir na previdência complementar, maior será o impacto dos juros compostos sobre sua reserva. O tempo é o maior aliado de quem quer se aposentar com tranquilidade.

3. Para ter mais controle sobre o próprio futuro

A previdência complementar permite que você faça escolhas: quanto contribuir, qual perfil de investimento seguir, quando e como receber o benefício. É um modelo mais flexível e personalizado.

4. Para proteger a família

Muitos planos oferecem cobertura adicional, como pensão para dependentes ou renda por invalidez, funcionando também como uma proteção de risco.

Problemas que o RPC ajuda a resolver:

  • Redução da renda na aposentadoria;
  • Ausência de planejamento individual de longo prazo,
  • Falta de proteção extra para dependentes.

Importância para o planejamento: o RPC permite construir uma reserva personalizada que acompanha os objetivos do participante. É a principal ferramenta para manter a qualidade de vida na aposentadoria.

Por que entender os regimes é tão importante?

Conhecer os Regimes Previdenciários do Brasil é mais do que uma questão burocrática. É uma decisão que impacta diretamente sua vida financeira futura. Hoje, entender a limitação dos benefícios obrigatórios (RGPS e RPPS) e a necessidade de complementar a renda com o RPC é essencial para garantir tranquilidade no futuro.

Em resumo:

RegimeQuem participa?TipoComo funciona?
RGPSTrabalhadores da iniciativa privada e servidores sem cargo efetivo.PúblicoRepartição simples (solidariedade entre gerações)
RPPSServidores públicos de cargo efetivo.PúblicoRepartição ou capitalização; varia por ente
RPCQualquer trabalhador que deseje complementar a aposentadoria.PrivadoCapitalização individual, com gestão profissional dos recursos

A previdência é um direito de todos, mas entender como ela funciona é uma responsabilidade de cada um. Saber em qual regime você está e como ele funciona ajuda a tomar decisões mais conscientes sobre seu futuro financeiro. Para os servidores públicos federais, a Funpresp é uma aliada estratégica nesse planejamento.

Investir hoje na sua previdência complementar é investir no seu amanhã com mais liberdade e segurança. E aí, já pensou no seu plano?